“Vou levando a vida e a vida me levando, tudo é viver.” A frase de abertura de “Homem Do Meu Tempo”, faixa gravada em 1998, inconscientemente resume a carreira de uma das duplas de maior sucesso do sertanejo no Brasil. Bruno & Marrone pegaram a tocha do estilo romântico passada por Leandro & Leonardo e ‎por Chitãozinho & Xororó, mas souberam se adaptar aos novos tempos com paciência. O vocalista Vinicius Félix de Miranda (1969), o Bruno, e o sanfoneiro e violonista José Roberto Ferreira (1964), o Marrone, se conheceram em Goiânia, em 1985, por intermédio do cantor Leandro. Bruno conta que foi “empatia” à primeira vista. Cantaram em bares e festas em Goiás por uma década e lançaram o primeiro álbum em 1994, sem muito alarde. Cinco anos depois, a gravação pirata de uma apresentação da dupla em uma rádio mineira transformou “Dormi Na Praça” em fenômeno. Com o primeiro acústico ao vivo, Bruno & Marrone finalmente viram sua paciência ser recompensada. O projeto de 2001 vendeu quase dois milhões de cópias e, no ano seguinte, conquistou o GRAMMY Latino de melhor álbum de música sertaneja. A dupla hoje brinca que raramente um dos seus singles deixa de tocar nas rádios. É verdade. Boa parte do sucesso longevo de Bruno & Marrone vem de saber a hora certa de renovar a sonoridade. Da sofrência romântica de “Vida Vazia”, “É Nisso Que Dá” e “Como Ficar Sem Você”, a dupla passou a incorporar elementos mais pop em suas músicas no álbum Pela Porta da Frente, de 2012. Foi o início da relação com o produtor Dudu Borges, que ressaltou as guitarras e a percussão em sucessos como “Vidro Fumê” para aproximar a sonoridade do sertanejo de artistas mais novos. Mais de três décadas após o encontro em Goiânia, os dois amigos ainda fazem disputadas apresentações ao vivo e, como em qualquer longa relação, rolam até farpas sob ânimos alterados, como na discussão em uma live, em 2020. A vida real é isso mesmo. E não seria diferente para Bruno & Marrone.