Chris Martin, vocalista do Coldplay, disse certa vez que mantinha uma foto do U2 na parede para lembrá-lo do objetivo do grupo: destronar os irlandeses do posto de maior banda do planeta. O lembrete funcionou. Após mais de vinte anos, o grupo lota estádios e festivais ao redor do mundo e é um dos últimos representantes do rock emocional quase inocente que surgiu após o triunfo do Radiohead. Com um arsenal de hits globais como “Yellow”, “Clocks”, “Speed of Sound” e “Paradise”, Martin e seus parceiros seguiram bem os passos dos ídolos. A ambição da banda esteve presente desde o início, quando Martin e o guitarrista Jonny Buckland se conheceram na faculdade, em 1996, e recrutaram o baixista Guy Berryman e o baterista Will Champion. Em menos de três anos, o Coldplay fechou contrato com uma grande gravadora e já mostrou a que veio logo nos dois primeiros álbuns, Parachutes (2000) e A Rush of Blood to the Head (2002), ganhadores de quatro GRAMMYs com 16 milhões de cópias vendidas. Os anos seguintes não foram menos intensos. Martin virou alvo dos paparazzi ao se casar com a atriz Gwyneth Paltrow, em 2003, e o simples atraso no lançamento do terceiro álbum, X&Y (2005), fez as ações da gravadora EMI despencarem. O grupo notou que o sucesso trouxe um grau de acomodação e deu uma guinada na carreira com o conceitual Viva la Vida or Death and All His Friends, de 2008. Foi quando eles deixaram de lado as casas de shows e passaram a lotar estádios. A década de 2010 trouxe a banda em busca de uma nova identidade, indo do electropop de Mylo Xyloto (2011) ao ecletismo de Everyday Life (2019). Com “Higher Power”, single do álbum Music Of the Spheres, a ser lançado em outubro de 2021, o Coldplay mostra que não quer deixar de ser um dos maiores grupos do mundo. No entanto, a foto do U2 na parede talvez tenha ganhado a companhia de imagens do superprodutor Max Martin e do Pink Floyd, influência direta na música “Coloratura”, também do trabalho mais recente.