Com um meteórico álbum de estreia que ajudou a definir a década de 80, Cindy Lauper é considerada uma das mais importantes representantes do gênero new wave. Mas não seria justo enquadrar a cantora nova-iorquina em um único movimento. A música de Lauper abraça elementos do pop, reggae, funk, rock e dance music e é a síntese do espírito libertário da artista – também simbolizado no cabelo multicolorido, no estilo único e na atitude de quem, definitivamente, não deve nada a ninguém. • Quando Cynthia Ann Stephanie Lauper-Thornton (Nova York, 22 de junho de 1953) deixou, aos 17 anos, sua vida, sua casa e um padrasto abusivo para trás, ela levou apenas “um saco de papel com uma escova de dentes, uma troca de roupas íntimas, uma maçã e um exemplar do livro ‘Grapefruit’, de Yoko Ono”, segundo o livro de memórias Cyndi, Minha História, de 2019. • Cyndi foi parar no Canadá, onde estudou artes e fez bicos para pagar as contas. Já de volta a Nova York no início dos anos 70, tentou emplacar como vocalista fazendo covers de bandas famosas. Em 1978, formou a banda Blue Angel, que acabou após o lançamento de um álbum. Sem dinheiro e frustrada, Cyndi voltou a trabalhar em lojas e a cantar na noite em clubes da cidade – em um deles conheceu David Wolff, que se tornou seu empresário e namorado e conseguiu para a cantora um contrato com a Epic Records. • Em 1984, Cyndi lançou She's So Unusual, o álbum clássico que ajudou a definir uma era e conquistou sucesso internacional. Com faixas poderosas, como o hino feminista “Girls Just Want to Have Fun”, “Time After Time” e “All Through the Night”, o álbum transformou Lauper em ícone pop e símbolo do poder feminino, ao lado de divas como Madonna. • Rapidamente, o videoclipe vanguardista de “Girls Just Want to Have Fun” ganhou o mundo – e ainda em 1984 Cyndi levou o troféu de melhor vídeo de uma artista feminina no MTV Video Music Awards. • Para muitos, She's So Unusual foi o trabalho mais arrebatador de Lauper, mas cantora seguiu uma jornada muito consistente na carreira, amadurecendo as composições e evoluindo ao longo dos anos, como no álbum A Night to Remember, de 1989, embalado pelo sucesso de “I Drove All Night”, nas baladas românticas de Hat Full of Stars, de 1993, e, ainda, em At Last, de 2003, em que Cyndi coloca a voz icônica à prova em versões de clássicos como “Unchained Melody” e “Don't Let Me Be Misunderstood”. Com uma discografia extensa, a cantora passeia, sem medo, por diferentes gêneros – no blues do álbum Memphis Blues (2010) ao country de Detour (2016). • Uma voz importante da luta LGBTQIA+, Cyndi Lauper sempre advogou pela causa. A música “True Colors”, do álbum homônimo, de 1986, foi um verdadeiro hino na época, e ainda se mantém atual – não à toa, ganhou, em 2021, uma edição especial de 35 anos de aniversário. Em 2008, Cyndi criou ainda a True Colors United, organização sem fins lucrativos que acolhe jovens LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade. • Em janeiro de 2022, Lauper comemorou uma marca histórica: o videoclipe de “Girls Just Want to Have Fun” atingiu 1 bilhão de visualizações, tornando-se a primeira produção audiovisual de uma artista solo da década de 80 a chegar nesse número.