Matuê deu as caras na cena nacional em meados de 2016 e, apesar do relativo pouco tempo, não é exagero dizer que o artista é um dos grandes fenômenos da história do rap e do trap brasileiros. Em apenas uma semana, seu álbum de estreia Máquina do Tempo, de 2020, superou projetos de gigantes do pop, como Lady Gaga e Anitta, ultrapassando a casa dos 20 milhões de streamings. Nascido Matheus Brasileiro Aguiar, o jovem artista de Fortaleza, no Ceará, que morou durante parte da infância e da adolescência em Oakland, na Califórnia, entrou em grande estilo na cena da música urbana contemporânea. O público logo abraçou sua mistura pop e melódica com os timbres minimalistas do trap e seu discurso fácil de se identificar quando se é jovem: sexo, experiências psicotrópicas, festas e dinheiro. Seus primeiros singles, “Rbn”, de 2016, “Boomzim” e “De Alta”, ambos de 2017, chamaram a atenção para o talento do cantor e para a qualidade das produções, mas “A Morte do Autotune”, de 2018, e os hits do ano seguinte “Kenny G” e “Quem Mandou Chamar”, parceria com IZA e a dupla Tropkillaz, foram as faixas responsáveis por bombar de vez o rapper em todo o Brasil. Seu flerte com um pop mais radiofônico e o pop rock causou polêmica entre os “puristas” do estilo, o que, de certa forma, atraiu ainda mais as atenções para o seu trabalho. Matuê parece ciente de seu protagonismo como uma espécie de embaixador do trap nacional. À frente de seu próprio selo, o 30PRAUM, ele mantém a autonomia sobre suas criações – Máquina do Tempo, por exemplo, foi totalmente produzido pelo rapper. Sons como a faixa-título “Máquina do Tempo”, que sampleia “Como Tudo Deve Ser”, do Charlie Brown Jr. – Matuê é fã assumido de Chorão, falecido líder da banda santista –, “777-666”, “É Sal” e a explícita “Cogulândia” são confirmações irrefutáveis em autotune de que o artista veio para ficar.