Nem milionário, muito menos rico – e, por isso mesmo, uma dupla fez o Brasil olhar para o Brasil como nunca antes. Milionário & José Rico venderam mais de 30 milhões de álbuns ao longo de quatro décadas de carreira por cantarem com potência as alegrias e as mazelas da vida do sertanejo e por darem protagonismo à vida de quem se espalha pelo interior do país. • O mineiro Romeu Januário de Matos e o pernambucano José Alves dos Santos, o José Rico, tentaram a sorte com outras duplas de música sertaneja até se conhecerem em São Paulo, por volta de 1968. Por conta do nome artístico do parceiro, que deriva da cidade de Terra Rica, Paraná, onde foi criado, Romeu virou Milionário e assim nascia a dupla. • Arriscaram-se com jingles até assinarem contrato para gravar o primeiro álbum, lançado em 1973, que rendeu músicas como “De Longe Também Se Ama”. • A sequência bem-sucedida de álbuns levou a dupla a ganhar o apelido de “As Gargantas de Ouro do Brasil”, alcunha que eles usariam com orgulho nas décadas seguintes. • A consagração de Milionário & José Rico veio com o canto de “Estrada da Vida”, uma balada lançada em 1977 que percorreu o país ao tratar da aspereza da vida do sertanejo sem esquecer da doçura. • O sucesso também emplacou outras músicas no cancioneiro popular, como as melancólicas “Adeus”, “Sentimento Sertanejo” e “Doce Ilusão”. • Na década de 80, a dupla viveu da popularidade adquirida nos anos anteriores. Estrelaram a cinebiografia Estrada da Vida, dirigida por Nelson Pereira dos Santos, e tocaram na China em 1986, convidados pelo então primeiro-ministro do país asiático, que os conheceu em visita ao Brasil. • Atento às possibilidades musicais, José Rico ajudou a fundar as bases do sertanejo moderno, com o encontro da raiz da música interiorana com outros gêneros, passando pelo uso de instrumentos de sopro e, principalmente, o acordeon. • O início dos anos 90 marcou a separação da dupla, ainda que breve. José Rico gravou dois álbuns solo. Já Milionário se uniu a Mathias (da dupla Matogrosso & Mathias) e também a Robertinho (da dupla Léo Canhoto & Robertinho). • A dupla voltou em 1994 com um álbum que trazia homenagem a Ayrton Senna, piloto brasileiro de Fórmula 1 morto naquele ano, chamada “Herói da Velocidade”. • A morte de José Rico, em 2015, colocou fim à dupla que seguia em atividade, com média de 170 shows por ano. Depois disso, Milionário fez dupla com Marciano até 2019, ano da morte do novo parceiro.