As delicadas Variações Goldberg (1956) se tornaram, sem querer, a assinatura de Glenn Gould – os primeiros compassos da ária de Bach estão esculpidos no túmulo do pianista canadense. Nascido em Toronto, em 1932, Gould ganhou atenção com sua primeira gravação das Goldberg, em 1956. Embora ele seja bastante associado a Bach e Beethoven, Gould apresentou e gravou a música de uma grande variedade de compositores, incluindo Schoenberg, Mozart e os English Virginalists – do qual seu compositor favorito, Gibbons, fazia parte. Sua extensa discografia nasceu em parte porque o pianista, aposentado dos palcos aos 31 anos, preferiu o controle do estúdio até sua morte, em 1982. O pouco caso em tocar ao vivo – combinado aos seus rituais peculiares antes de começar a tocar o piano – levou Gould a ser taxado como um excêntrico. Ele preferia tocar sentado na sua própria banqueta (agora parte do acervo de instituições canadenses) e usava luvas para proteger as mãos, independentemente do clima. Ele também criou alter egos, como Sir Nigel Twitt-Thornwaite e Theodore Slutz, cujas críticas musicais divertiram e confundiram o establishment. A peculiaridade mais marcante de Gould talvez tenha sido seu costume de cantarolar ou cantar junto com a música – um toque especial que encantava e distraía os ouvintes na mesma medida.