Lançado de maneira independente em 1980, Beleléu, Leléu, Eu marca a estreia de Itamar Assumpção. “Este álbum, eu costumo dizer que é um irmão, porque ele nasceu no mesmo ano que eu”, diz Anelis Assumpção ao Apple Music. Filha do músico, a também cantora mantém a memória do pai, um nome tão importante para música popular brasileira. “Já faz 17 anos que ele morreu e, por ser um artista independente, de fora dos circuitos, eu sinto que preciso assoprar a fogueira para manter essa chama acesa.”
A cantora explica que o álbum, além de despertar um sentimento fraterno, foi muito importante para ela: “Meu pai tinha uma preocupação especial em realizar este disco, porque o primeiro é sempre um mistério. Há um enigma de como ele pode ser, de como vai ser recebido”. Segundo Anelis, o músico apresentava bastante rigor ao produzir e registrar as canções, pois queria mostrar, por meio delas, como ele realmente pensava. “É um álbum com toda a verdade do Itamar, apresentado ao mundo com a beleza presente na crueza.”
Beleléu, Leléu, Eu figura em diversas listas de álbuns mais importantes do mundo e, para Anelis, isso se deve ao fato de apresentar uma característica de rompimento com a estética musical definida à época de seu lançamento. “O disco abriu o seu próprio caminho na música brasileira, e também para Itamar.”
Tendo a faixa “Nega Música” como a favorita, Anelis Assumpção acredita que o álbum segue sendo bastante atual, mesmo 40 anos depois de seu lançamento. “A música tem essa capacidade de atravessar os anos”, diz. “Beleléu, Leléu, Eu tem uma construção literária, as crônicas, os assuntos urbanos, e a forma de apresentar a cidade de São Paulo muito presente”, conclui.